02/02/2011

A INTERFERÊNCIA DO LÚDICO EM CRIANÇAS HOSPITALIZADAS



FACULDADE ANCHIETA
CURSO DE PSICOLOGIA

A INTERFERÊNCIA DO LÚDICO EM CRIANÇAS HOSPITALIZADAS

São Bernardo do Campo
2010

 
ALDEVANDIA SOUZA RGM: 110502
ELIAS ANTONIO DOS SANTOS RGM: 112043
LIJARDÂNIA VICENTE RODRIGUES RGM: 110904
REGINA CRISTINA DE MENDONÇA RGM: 110158
THABATA SABINO DA SILVA RGM: 171628







RESUMO
O âmbito hospitalar é um lugar onde a dor e o confinamento está presente, a doença e a morte são evidenciadas e muitos desafios precisam ser enfrentados pelos pacientes, familiares e acompanhantes durante a internação. Neste contexto surge o lúdico como interferência, visando o resgate da possibilidade de vida sadia e de forma que exista uma fuga do momento difícil, passando a ser um momento agradável. O acesso ao brinquedo propicia o melhor desenvolvimento no tratamento, pois a criança se expressa respondendo melhor as interferências a que são submetidas, acelerando sua recuperação. Objetivando um melhor resultado tanto dos profissionais da área de saúde, como dos pacientes e seus familiares, é que o lúdico passa a ser uma ferramenta essencial e indispensável no tratamento infantil, pois através da externalização de seus sentimentos a criança promove a mudança e a superação de suas dificuldades.

Palavras Chaves: Internação. Interferências. Desenvolvimento. Recuperação. Lúdico.

ABSTRACT
The hospital scope is a place where pain and the confinement are present, the illness and the death are evidenced and many challenges need to be faced by the patients, familiar and its companions during the internment. In this context the rescue appears playful as the interference aiming at of the possibility of healthy life to form that an escape of the difficult moment exists, starting to be a pleasant moment. The access to the toy propitiates optimum development in the treatment, therefore the express child if better answering the interferences the one that are submitted, speeding up its recovery. Objectifying resulted one better in such a way of the professionals of the health area, as of the patients and its familiar ones, she is that the playful one starts to be an essential and indispensable tool in the infantile treatment, therefore through the external of its feelings the child promotes the change and the overcoming of its difficulties.

Key words: Hospitalization. Interference. Development. Recovery. Playful.


TEMA

A interferência do Lúdico em crianças hospitalizadas.

 APRESENTAÇÃO

O presente trabalho tem como objetivo principal pesquisar soluções utilizando metodologia adequada para a apresentação do lúdico como solução dos ruídos de convivências com a doença e a socialização dessas crianças em um espaço que possa ser considerado hostil para a introdução do Lúdico no ambiente hospitalar, tornando-o parte primordial no tratamento infantil e mostrar que a alegria contagiante elimina a tristeza e o medo fazendo ressurgir a esperança naquele que se encontra hospitalizado e a seus familiares.

 HIPÓTESE

A interferência de reproduções culturais são expressões desenhadas para entender individualmente as necessidades de vida, portanto o lúdico deve ser a tela para esta expressão em caso de cura nas galerias da saúde.

As atividades lúdicas podem acelerar a recuperação, contribuindo para a diminuição da permanência hospitalar dos internos.

 A ludicidade é o recurso que a criança possui para elaborar suas defesas e se comunicar espontaneamente.

 PROBLEMÁTICA

É do hospital que se precisa do recebimento de estímulo para a cura, porque o indivíduo em seu imaginário persiste na idéia de que neste ambiente estão os piores estímulo? Seria uma associação da dor e do confinamento esta percepção? Cabe nessa pesquisa a apresentação do lúdico como solução dos ruídos de convivências com a doença e a socialização dessas crianças em um espaço que possa ser considerado hostil. É possível por intermédio do lúdico a obtenção de felicidade em um hospital.

O hospital é um ambiente que oferece certa privação para a criança hospitalizada, ela não conta com atividades que levem em consideração as questões emocionais, sociais e motora da criança, tornando maior o estresse, a angustia e o medo da morte, quanto maior for o tempo de tratamento, assim como menor é o desenvolvimento da criança, já que o tratamento exige uma permanência muito grande em ambiente hospitalar.

Este trabalho pretende sistematizar os principais conhecimentos atuais sobre as conseqüências psicológicas da hospitalização infantil, e apresentar algumas sugestões das estratégias a implementar para que esta experiência possa ser cada vez menos uma causa de problemas comportamentais, emocionais e de desenvolvimento.       
                                                                                                           
 JUSTIFICATIVA

As atividades lúdicas podem acelerar a recuperação, contribuindo para a diminuição da permanência hospitalar dos internos. A ludicidade é o recurso que a criança possui para elaborar suas defesas e se comunicar espontaneamente.

OBJETIVO

Promover a mudança do significado e percepção do contexto hospitalar por parte do paciente, visando à superação de tabus como, solidão, saudade, perda, tristeza, lugar de sofrimento que a doença e a hospitalização causam.
Uma maior aceitação da doença e do tratamento médico, facilitando a integração do paciente ao ambiente hospitalar.

SUSTENTAÇÃO TEÓRICA

Todo ser humano possui facilidade para se adaptar as diversas situações de um determinado ambiente, por isso em muitos hospitais o que acontece é uma aceitação de funcionários e pacientes às instalações do ambiente mesmo não contando com elas para o desenvolvimento de suas atividades o que para o profissional acarreta uma queda na produtividade e para o paciente um retardamento no processo de cura da enfermidade. A cor pode criar ilusões, influenciar diretamente o espaço e criar efeitos diversos, como monotonia ou movimento e, com isso, diminuir ou aumentar a capacidade de percepção, de concentração e de atenção. (GUIMARÃES, 2002).

A Gestalt coloca que [...] a visão não é um registro mecânico de elementos, mas sim a captação de estruturas significativas completa, usando os princípios da psicologia, para dizer que o mundo percebido por qualquer indivíduo é, em grande parte, um mundo resultante das experiências adquiridas em lidar-se com o meio ambiente. Farina (1990, p.43,1990)

METODOLOGIA

Projeto de pesquisa de caráter teórico desenvolvido por meio de pesquisa bibliográfica, análise cientifica e exploratória.

INTRODUÇÃO

Pensar no brincar, brincadeira, lúdico e no espaço hospitalar não é uma tarefa tão fácil, para muitas pessoas há uma incompatibilidade entre esses temas, que dificulta o desenvolvimento de projetos que ampliem as possibilidades de vivência do lúdico no âmbito hospitalar.
No entanto esta realidade vem sendo questionada, na tentativa de modificar a atmosfera não lúdica que vigora nesses espaços. Através da atividade lúdica o brinquedo entra no processo de cura como um alicerce específico para atender este paciente.
A internação de um a criança pode gerar mudanças na vida social, emocional, alteração brusca no desenvolvimento da criança e uma quebra em seu ciclo de vida.
Ao ser submetida há vários processos do tratamento, a criança passa a lidar com situações difíceis, em que exige a atenção e dedicação de profissionais para que as auxiliem no expressar dos seus sentimentos, facilitando o tratamento..
A interferência do lúdico é um aliado no tratamento infantil promove a mudança do significado do contexto hospitalar visando à superação do sofrimento que a doença causa.

1. A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO NOS HOSPITAIS

A hospitalização é uma situação estressante e adversa que interrompe as atividades cotidianas, mediante uma doença, esta que provoca reações psicológicas graves como medo e depressão. A internação, em determinadas situações, constitui um risco igual ou maior que a doença:

“A hospitalização é uma situação que precisa ser encarada com muita seriedade, pois pode modificar totalmente hábitos de vida, fazendo com que o paciente passe por desconforto físico e mental da doença afastando-se, temporariamente de seu meio social, além de precisar adaptar-se ao contexto hospitalar que lhe é estranho e culturalmente sofrido.” (CECCIM, 1997)

É necessário que o hospital deixe de ser um lugar hostil, e passe a ser um espaço adequado a recuperação. O lúdico com apoio de brinquedos é um excelente recurso para o enfrentamento da situação. Ele é considerado um caminho para as adversidades, pois auxilia o processo de adaptação da criança a essa nova realidade.

Através do lúdico a criança consegue expressar suas experiências positivas e negativas que a angustiam dessa maneira, fortalecendo sua auto-estima A atividade lúdica é um processo terapêutico e uma forma de instrumentalização das atividades do ser humano em benefício do bem-estar mental, físico e emocional. Assim o lúdico ajuda a caracterizar o âmbito hospitalar em um espaço mais humanizado e alegre que possam ser estimulados através de imagens, fazendo com  que as crianças se integrem melhor  a ele.

Os brinquedos, utilizado como interventor de mudanças são ferramentas que as crianças hospitalizadas utilizam para a reconstrução do seu próprio mundo. Para todo o processo é necessário profissional competente que possa levar a crianças hospitalizadas mais segurança, devido a isso surgem os doutores da alegria que de forma lúdica levam a solidariedade a pequenos seres que buscam conforto em sua determinada situação. Nesse sentido, POLLOCK & WILMORE (1993 p.589), explicam que “todos os pacientes estão prontos a aprender alguma coisa. A chave do êxito reside no fato de que o educador precisa reconhecer o quê e quando”.

Assim a brincadeira possui uma função recreativa e também terapêutica, pois ao brincar ela passa de um estado passivo a outro ativo, onde controla imaginariamente este novo ambiente.  As atividades lúdicas têm papel importante nas varias fases do tratamento clinico.

Portanto, o lúdico é uma ferramenta que utilizado no processo de internação pode trazer grande benefício ao estado físico e psicológico de uma criança, assim amenizando o medo do desconhecido. O trabalho voluntário em hospitais é um fato fundamental para a humanização do atendimento, ele dá suporte emocional aos pacientes.
2.  BRINQUEDOTECA HOSPITALAR ORIGEM E ATUALIDADE

O termo Brinquedoteca é conceituado pela Associação Brasileira de Brinquedotecas (ABB) como espaço mágico destinado ao brincar das crianças, é importante ressaltar que não podem ser confundidas com um conjunto de brinquedos ou depósito de crianças, pois sua criação está relacionada a objetivos específicos.

Sua origem surgiu da valorização do brinquedo, inclusive nos países de língua inglesa elas são chamadas de “toy-library” (biblioteca de brinquedo), nos países de língua francesa “ludothèque”, “lekoteks” na Suécia.

No Brasil o primeiro espaço para brinquedotecas foi à ludoteca da Associação de Pais e Amigos dos excepcionais (APAE) em 1973 que funcionava especificamente com brinquedos realizando o revezamento entre as crianças.

Para Cunha (1997) a brinquedoteca é um espaço onde se aprende brincando, contudo deve ser levada a sério. Ou seja, a brinquedoteca será um espaço que a criança irá ter contato com vários brinquedos, irá brincar livremente, enfim, irá colocar para fora sua criatividade, imaginação.

Brinquedoteca hospitalar localiza-se em unidades pediátricas de hospitais sendo de suma importância para o bem estar da criança hospitalizada amenizando os traumas da internação.

 Através do brinquedista ou ludotecário a criança terá contato com variados brinquedos que estimulam a fantasia, o brincar e o faz de conta. Com isso ela passa a ter momentos alegres, criativos e de aprendizagem proporcionando suporte ao tratamento estimula e ameniza os traumas ou sofrimentos da internação.

Brinquedoteca hospitalar ainda é um tema recente no Brasil porém através da lei 11.104/2005 de autoria da Deputada Luiza Erundina (2005) relata:

Art. 1o Os hospitais que ofereçam atendimento pediátrico contarão, obrigatoriamente, com brinquedotecas nas suas dependências.
Parágrafo único. O disposto no caput deste artigo aplica-se a qualquer unidade de saúde que ofereça atendimento pediátrico em regime de internação.
Art. 2o Considera-se brinquedoteca, para os efeitos desta Lei, o espaço provido de brinquedos e jogos educativos, destinado a estimular as crianças e seus acompanhantes a brincar.
Art. 3o A inobservância do disposto no art. 1o desta Lei configura infração à legislação sanitária federal e sujeita seus infratores às penalidades previstas no inciso II do art. 10 da Lei no 6.437, de 20 de agosto de 1977.

A partir desta lei passou a ser obrigatório a instalação de brinquedotecas hospitalares em hospitais públicos e particulares que possuam unidades pediátricas no Brasil.

Através do brincar a criança se estimula, tem mais disposição física e mental, pois através da  interação com o  brinquedo,  jogo ou atividade ele vivência momentos de
realidade, fantasia e de autoconhecimento proporcionando prazer em sua execução. De  acordo com (Carmo, 2008: p. 15) 1

A  utilização  do  jogo  como  meio  terapêutico  baseia-se  na idéia  de  que  a criança doente e hospitalizada ao  brincar, se  expressa e recupera-se mais rapidamente. Embora  as  brinquedotecas  em  hospitais  não  ocupem ainda um papel  significativo  no Brasil,  elas  são  de  estrema  importância  para a recuperação  da  criança  internada.  O  hospital  é  para  criança  uma experiência  difícil,  ela  tem  que  viver  a  separação  da  família  precisa adaptar-se  a  outros  ritmos  e  a  confiar  em  desconhecidos.  Brincar  é  um direito  de  qualquer  criança,  inclusive  daquela  que  se  encontra  hospitalizada, nessa situação a criança sofre duplamente, além da doença a  imobilização  a  priva  do  comportamento  mais  típico  de  sua  idade  o brincar. 

A   finalidade da brinquedoteca hospitalar é de proporcionar a criança o acesso ao brinquedo e interagir com a família e equipe médica podendo transmitir através desta atividade lúdica o que não consegue expressar por impossibilidade efetiva ou emocional que o ambiente hospitalar influência na recuperação da criança.

1ABREU, Simone Aparecida Kraus. Brinquedoteca hospitalar: sua influência na recuperação da criança hospitalizada. Curitiba, 2010
Possibilitando a criança a reinventar e criar novas situações, além de ser um recurso utilizado para diminuir o impacto da hospitalização.
.

4. A INFLUÊNCIA DAS CORES NO AMBIENTE HOSPITALAR

Nos últimos anos os Hospitais têm sofrido grandes transformações físicas exatamente para atender melhor aos seus pacientes, oferecer-lhes mais qualidade de vida e uma perspectiva de recuperação, nesse sentido a cor deve ser vista como um elemento que participa diretamente nessa mudança uma vez que proporciona bem estar e tranqüilidade, considerando-se que sendo esse ambiente agradável contribui para uma boa e rápida recuperação do paciente.

Um bom projeto do ambiente interno das paredes a serem revestidas no espaço físico deve levar em consideração que, para se obter uma boa harmonia visual bem como um equilíbrio cromático é indispensável o conhecimento que algumas cores atraem, outras repelem - isso quando a cor utilizada não for apropriada aquele espaço  - podendo também transmitir sensação de calor e frio, agitar ou tranqüilizar os pacientes, principalmente quando esses se trata de crianças. O fenômeno da percepção da cor é mais complexo que o da sensação. Se nesta entram apenas os elementos físicos (luz) e fisiológicos (o olho), naquela entram, além dos elementos citados, os dados psicológicos que alteram substancialmente a qualidade do que se vê. (PEDROSA,1989).

Todo ser humano possui facilidade para se adaptar as diversas situações de um determinado ambiente, por isso em muitos hospitais o que acontece é uma aceitação de funcionários e pacientes às instalações do ambiente mesmo não contando com elas para o desenvolvimento de suas atividades o que para o profissional acarreta uma queda na produtividade e para o paciente um retardamento no processo de cura da enfermidade. A cor pode criar ilusões, influenciar diretamente o espaço e criar efeitos diversos, como monotonia ou movimento e, com isso, diminuir ou aumentar a capacidade de percepção, de concentração e de atenção. (GUIMARÃES, 2002).

A Gestalt coloca que [...] a visão não é um registro mecânico de elementos, mas sim a captação de estruturas significativas completa, usando os princípios da psicologia, para dizer que o mundo percebido por qualquer indivíduo é, em grande parte, um mundo resultante das experiências adquiridas em lidar-se com o meio ambiente. Farina (1990, p.43)

As cores tornam-se muito importante para a recuperação de crianças hospitalizadas e para os profissionais da área da saúde, visto que cada uma tem a sua contribuição positiva ou negativa dependendo da disposição no ambiente. A cor quente sobre a superfície tende a aproximar o objeto do espectador, ao passo que a fria distancia.

Assim, tetos e pisos sofrem essas influências: o teto branco dá a impressão de aumentar o espaço, pisos mais escuros passam a idéia de “base, apoio”, enquanto as cores mais claras causam uma sensação de leveza. Portanto, nos hospitais onde pessoas são por diversas vezes, atendidas com risco de vida, as equipes trabalham sob tensão, e os fatores ambientais não podem ser mais um motivo de estresse. (GUIMARÃES, 2002).
   
3. BRINCAR AUXILIA NA HOSPITALIZAÇÃO DA CRIANÇA?

O brincar é extremamente importante no processo de desenvolvimento infantil. Segundo Piaget (1976), a atividade lúdica é o berço obrigatório das atividades intelectuais da criança, são meios que contribuem e enriquecem o desenvolvimento intelectual.

Através do brincar a criança irá desenvolver sua capacidade de criar, é nesse momento que elas recriam e repensam os acontecimentos. Externalizando tudo o que ocorre no seu interior. E isso no ambiente hospitalar irá contribuir no processo de diagnóstico e de cura. A criança doente muda fica triste, desanimada. Isso é natural uma vez que ela mudou toda sua rotina, o hospital é muitas vezes frio, diferente do ambiente cheio de imaginação, criação, em que ela vivia antes de ser hospitalizada. Muitas vezes o único modo de brincar é com seu próprio corpo. Com isso, na maioria das vezes ela não tem ânimo para brincar, sua auto-estima está comprometida.

Por isso o brincar no hospital faz a diferença. Segundo (MILTRE & GOMES, 2004), ele possibilita:
 “Integridade da atenção; a adesão do tratamento; o estabelecimento de canais que facilitem a comunicação entre criança-profissional de saúde-acompanhante; manutenção dos direitos das crianças, a (re) significação da doença por parte dos sujeitos”.

 (Parcianello, 2008), afirma que nesse espaço lúdico a criança surge como sujeito e não como objeto de cuidado, é ativo no tratamento e capaz de colaborar com a equipe médica nos procedimentos habituais de sua rotina. Sendo assim, o brincar transforma, traz prazer, alegria, distração, expõe medos, tensões. O brincar no hospital possibilita uma ligação da criança com o mundo externo passa a ter contato com algo que fazia parte do seu cotidiano. Oliveira (2005) diz que o brincar revela-se como um sinal de saúde num contexto que tem como principal objetivo a cura de uma doença.  Além disso, a brincadeira ajuda os familiares e acompanhantes.  Ao verem o processo de fortalecimento psicológico do paciente eles tornam-se mais otimistas.
   
É importante adequar as brincadeiras com o gosto da criança, para assim proporcionar o maior bem-estar possível, com isso o brincar irá atuar como estratégia de comunicação e de recuperação da saúde.

Todos são beneficiados com o brincar, o paciente por passar pela hospitalização com algo que lhe proporciona tanta qualidade de vida, os familiares por sentirem-se mais acolhidos e a equipe hospitalar por integrar-se com o paciente e assim proporcionar uma melhora e uma satisfação no processo de hospitalização.

4. A INFLUÊNCIA DA PSICOLOGIA PARA A CRIANÇA HOSPITALIZADA

A Psicologia Hospitalar, respeitando as limitações provindas da doença, tenta suprir as necessidades, não só orgânicas, mas também as que se referem ao psicológico e educacional da criança. O psicólogo trabalha para manter o equilíbrio, muitas  vezes perdido durante o período de internação. Esse desequilíbrio ocorrido na criança durante a hospitalização esta diretamente ligada à retirada do convívio familiar, a privação das brincadeiras e da vida escolar, sendo obrigada a se envolver em tratamentos e relacionamentos com pessoas estranhas em situações imprevisíveis, onde se encontram bastante fragilizadas.

O psicólogo é parte fundamental na equipe de saúde, que trabalhando junto a essa equipe e respeitando os limites institucionais de sua atuação consegue atingir seus objetivos. Podendo auxiliar os acompanhantes e a equipe de saúde no tratamento da melhor forma da criança hospitalizada, respeitando suas limitações e necessidades. Com isso o psicólogo faz-se necessário para se tentar compreender as transformações psicológicas ocorridas durante o período de internação, tentando intervir da melhor forma para que as possíveis seqüelas desse período sejam amenizadas, não interferindo no desenvolvimento infantil. A minimização deve considerar todas as variáveis envolvidas no processo do adoecer para que o atendimento psicológico tenha êxito.

As crianças eram radicalmente separadas do ambiente familiar e da família, permitindo-se unicamente breves períodos de visita dos pais, visitas essas que, por serem percepcionadas como problemáticas, não eram encorajadas. O tempo de internamento era geralmente bastante prolongado, as crianças deviam permanecer acamadas e o mais possível inativas, e os próprios processos de anestesia e analgésica estavam pouco desenvolvidos e eram parcamente utilizados.

Assim, à separação da família associava-se a interrupção das atividades quotidianas, a falta de estimulação cognitiva e social e a administração de tratamentos prolongados. A presença da família durante a hospitalização é uma das medidas mais importantes para reduzir a ansiedade da criança, mas é necessário que esse adulto possa se beneficiar de um ambiente geral adequado, e de contacto com profissionais que o apóiem e orientem. Assim, as atitudes dos vários profissionais envolvidos nos cuidados à criança vão ser cruciais para que essa experiência decorra o melhor possível.

A presença dos pais é verdadeiramente importante para o bem estar e tratamento da criança e conseqüentemente, que todos deveriam considerar como responsabilidade sua, não só a criança como a família ou pelo menos a criança e o familiar que a acompanha. O psicólogo de pediatria não pode esquecer que um serviço de pediatria adequado começa na organização e estruturação do espaço. Assim, cabe-lhe colaborar com os outros profissionais no sentido de criar as condições para que a criança e a família possam experienciar comodidade.

Os programas de preparação para a hospitalização que envolve os pais são os que têm obtido melhores resultados. A ansiedade dos pais tem em grande medida as mesmas causas que a da criança: separação falta de informação, sentimentos de culpa e inutilidade, falta de controlo e obrigatoriedade de assumir um papel passivo. Um serviço de pediatria sensível às necessidades da criança tem de ser um serviço amigo da família, isto é, que considere as necessidades de informação, aconselhamento e controle dos adultos que acompanham a criança.
   
No entanto, os programas de acompanhamento psicológico dos pais da criança hospitalizada têm sofrido dos mesmos problemas que as intervenções dirigidas a pais com outro tipo de problemas de comportamento e desenvolvimento. Tendem a ser muito centrado na instrução e modelagem de atitudes educacionais concretas, e mais ou menos estandardizadas, deixando pouco espaço à expressão e discussão das crenças e expectativas que os pais desenvolveram sobre o filho, sobre a situação de internamento e doença, e sobre o seu papel junto do filho doente.

Tenho defendido que os programas de intervenção com pais se devem dirigir não só ao ensino de competências de confronto, mas também, e de forma privilegiada, à identificação e análise das crenças e significações parentais, a partir da qual é possível ajudar os pais a encontrarem formas mais adequadas e eficazes de atuarem com os filhos (Barros, 1992, 1996).

Como vimos, o trabalho de um psicólogo de pediatria é essencial pelo seu conhecimento específico sobre o desenvolvimento infantil, sobre o relacionamento familiar em situações de stress e de crise, e sobre metodologias breves e eficazes de controlo da ansiedade e da dor, e de prevenção de perturbações de comportamento.

No entanto, é importante esclarecer que esta intervenção é, em grande parte, indireta, na medida em que o psicólogo for capaz de integrar verdadeiramente a equipe de saúde, colaborar na definição das normas e regras de atendimento enquanto advogado da criança e da família, desenvolver ações de formação psicológica junto dos restantes elementos, e de apoio emocional nos serviços mais pesados e difíceis de atender. Só uma parte pequena do seu trabalho consistirá em intervenções diretas com os pais, e menos ainda com as crianças.

5. A IMPORTÂNCIA DA FAMÍLIA NA RECUPERAÇÃO INFANTIL

O papel da família é de grandiosa importância para a o período de hospitalização da criança, pois a ligação afetiva e apoio que todos proporcionam é fator primordial para recuperação da criança.

O apoio familiar é necessário para assegurar desenvolvimento psíquico na ocasião da internação. Segundo OLIVEIRA & ÂNGELO (2000) a hospitalização altera tanto a vida da criança como a dinâmica familiar, pois a criança necessita de proteção, referência e apoio para compreender e suportar seu período de internação.

A presença da família contribui para criança suportar a ansiedade e sofrimento que é desencadeado durante a hospitalização.

A ligação efetiva entre a criança e sua família principalmente a sua mãe é imprescindível para assegurar que as bases da formação psicológica permaneçam intactas. Em um momento de internação hospitalar a criança pode encontrar-se em situação de privação do seu convívio familiar.

Para Freud apud BOWLBY (1993), a situação que se deve evitar a todo custo não é tanto a da perda efetiva, mas a do intenso traumatismo do ego provocado pela perda. A situação traumática a ser evitada é a ruptura do estado emocional do indivíduo. No caso da criança, a causa da insegurança é, acima de tudo, a ausência da mãe, (ou de substituto) ou a separação da mãe do momento em que a criança mais necessita de cuidado e proteção.

SPITZ (1979), Ao abordar as doenças de carência afetiva da criança, descreve duas situações resultantes desta privação: a privação efetiva parcial e a privação efetiva total ou hospitalismo.

SCHMITZ (1989), É no familiar significativo que a criança busca apoio, orientação, referência de tempo, proteção para o desconhecido e para o sofrimento. Se a criança pode contar com a assistência desse familiar, poderá ser mais capaz de suportar os sofrimentos e ansiedades surgidos durante a doença e a hospitalização. Quando os hospitais limitam a presença dos pais junto ao filho, tomam-lhes a responsabilidade do cuidado da criança e interferem no senso de confiança, satisfação e alívio que os pais obtêm, se bem sucedidos no atendimento das necessidades físicas, afetivas e até terapêuticas do filho doente.

6. OS DOUTORES DA ALEGRIA

Os Doutores da Alegria é uma organização sem fins lucrativos, que tem como missão promover a experiência da alegria como fator potencializado de relações saudáveis por meio da atuação profissional de palhaços junto a crianças hospitalizadas, visando a compartilhação a qualidade desse encontro com a sociedade com produção de conhecimento, formação e criações artísticas.

Em alguns hospitais a tristeza passa longe, pois lá estão os "Doutores da Alegria”, que são palhaços que se vestem de médicos para alegrar crianças enfermas transformando o local num ambiente alegre e descontraído, fazendo assim com que elas se esqueçam de suas debilidades.

Assim como os doutores da alegria tem como principal objetivo usar o conhecimento, arte e sensibilidade para avaliar a necessidade da criança e colocar esses conhecimentos a seu dispor, o brinquedo, juntamente com o palhaço, tem a função de agradar as crianças, eliminando as sensações, pois o brincar pode funcionar como um espaço através do qual a criança deixa sair sua angústia, aprendendo a lidar com o sofrimento, fazendo da realidade uma brincadeira.

É grandiosamente importante o trabalho desses profissionais, que buscam de alguma forma um tempo de alegria e satisfação na vida de pobres crianças hospitalizadas. Existem pessoas que fazem da vida uma constante alegria e deixam transbordar esta felicidade de viver, transformando o ambiente hospitalar, local insalubre, estressante, e cheio de dores e angústias em um palco para encher de sorrisos um público que muitas vezes não tem nenhum motivo para qualquer felicidade, essas almas revestidas de carisma e dedicação respondem pelo nome profissional de doutores da alegria.
                                                                     
CONSIDERAÇÕES FINAIS

O objetivo deste trabalho foi mostrar a importância do lúdico no ambiente hospitalar e no processo de recuperação da criança. No decorrer da pesquisa fica nítida a diferença no tratamento quando a criança interage com o ambiente, pois ela externaliza seus sentimentos, e se sente mais a vontade aos procedimentos.
Apesar desses benefícios, a presença do lúdico nas unidades de atendimento infantil ainda não é uma realidade e sua inserção se processa gradativamente. Os profissionais que buscam a inserção desse sistema nas unidades de tratamento infantil, deparam-se com entraves: a pouca motivação para a implantação de projetos; a falta de empenho e iniciativa; e a impotência em face da escassez de recursos para a realização de atividades lúdicas.
É importante salientar que o lúdico configura-se como um grande restaurador da saúde, na medida em que facilita a interação e promove um processo de socialização e comunicação entre criança hospitalizada, familiares e profissionais da saúde.  O lúdico no âmbito hospitalar valoriza a criatividade e o culto à sensibilidade.

FONTES

Brinquedoteca na história. Disponível em: http://www.cantocidadao.org.br/ visuali zaritem. php?ItemId=92 . Acesso em: 25 setembro 2010 às 20h50min

Presidência da República - Casa Civil - Subchefia para Assuntos Jurídicos. Disponível em: http: //www.planalto.gov.br/ ccivil_03 /_Ato2004-2006/ 2005/ Lei/ L11104.htm . Acesso em: 25 setembro 2010 às 20h14min

Brinquedoteca  hospitalar : sua  influência  na  recuperação  da  criança hospitalizada. Disponível em: http: //www.revistavoos.com.br/ seer/ index.php/ voos/article/download/73/72 Acesso em: 25 setembro 2010 às 21h42min
                                                                                                                                       
O brincar como estratégia comunicativa de promoção da saúde em crianças hospitalizadas.Disponívelem:http://www.projetoradix.com.br/arq_artigo/VI_08.pdf. Acesso em: 25 de setembro de 2010 às 22h57min.

Estabelecendo diálogos, construindo perspectivas. Disponível em: http://www.unicentro.br/proec/publicacoes/salao2008/artigos/Debora_Rickli.pdf. Acesso em: 26 de setembro as 00h55min.

Internação   conjunta :  opinião   da  equipe   de   enfermagem . Disponível  em: http:// www.fen.ufg.br/ revista/revista7_1/original_02.htm Acesso em: 25 setembro 2010 às 23h30min

Atividades Lúdicas e o desenvolvimento de crianças hospitalizadas contribuições da abordagem ecológica. Disponível em http://www.msmidia. com/ ceprua/furg/trab17.pd. Acesso: 24 de Setembro de 2010 às 21h30min.

Importância do lúdico na saúde. Disponível: http://www.alumiar.com/educacao / 40 geral/17importanciadoludiconasaude.html.Acesso: 20 de setembro de 2010 às 15h30min.                                                      

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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BINS ELY, Vera Helena Moro. Ergonomia + Arquitetura: buscando um melhor desempenho do ambiente físico. In: 3o ERGODESIGN – 3o Congresso Internacional de Ergonomia e Usabilidade de Interfaces Humano-Tecnologia, Anais. Rio de Janeiro, 2003.

COSTI, Marilice. A influência da luz e da cor em corredores e salas de espera
hospitalares. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2002.

FARINA, Modesto. Psicodinâmica das cores em comunicação. 4.ed. São Paulo: Edgard Blücher Ltda, 1990.

GUIMARÃES, Luciano. A Cor como Informação. 2.ed. São Paulo: Annablume, 2000.

LACY, Marie Louise. O poder das cores no equilíbrio dos ambientes. São Paulo: Pensamento, 2002.

PEDROSA, Israel. Da cor à cor inexistente. 5. ed. Rio de Janeiro: Leo Christiano/UNB, 1989.
    

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